Certamente, um dos escritores brasileiros mais celebrados é Joaquim Maria Machado de Assis. É considerado um dos maiores escritores em língua portuguesa da história. A biografia de Machado de Assis é pauta importante na literatura. Conhecer o homem por trás da obra, portanto, é essencial.
O romance marco inicial dele é “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de 1881. O autor é denominado também como o pai do Realismo Brasileiro, marcado por esta obra. A leitura do trabalho dele é, até hoje, praticamente obrigatória no sistema educacional. Sendo assim, trata-se de um verdadeiro imortal nacional.
Nasceu no Morro do Livramento, região pobre do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. Desde a infância, enfrentava dificuldades sociais e, até mesmo, físicas. Isso, pois, além de ser descendente de escravos e pobre, ainda sofria de epilepsia e era gago.
Aos 16 anos, começou a trabalhar na capital carioca como aprendiz de tipógrafo, em jornais, após sair de casa. Foi nesse trabalho que conheceu o autor de “Memórias de um Sargento de Milícias”, Manuel Antônio de Almeida. A influência fez a diferença e o jovem Machado de Assis começou a escrever crônicas para os jornais nos quais trabalhava.
Biografia de Machado de Assis – O grande amor, Carolina
Os textos dele abordavam, em formato de resenhas, diversos costumes da época seja políticos ou sociais. Ao longo de toda a carreira de 40 anos, foram mais de 600 textos neste formato em jornais. Em suma, abordavam o dia a dia carioca do século XIX.
Em 1866, Machado de Assis conheceu o grande amor da vida. Carolina Augusta Xavier de Novais era irmã de um grande amigo dele, o poeta português Faustino Xavier de Novais. Devido à amizade, ele se aproximou da moça e, enfim, acabaram se unindo.
Casaram-se em três anos após se conhecerem, ou seja, em 12 de novembro de 1869. Em resumo, ficaram casados por 35 anos. Carolina morreu em 1904, e o autor entrou em estado de profunda tristeza e depressão. De acordo com pesquisas históricas, que recolheram cartas do casal, o amor durou durante todo o casamento.
Um dos mais conhecidos poemas de Machado de Assis fala da saudade que ele sentia da amada. Confira:
A Carolina
Querida! Ao pé do leito derradeiro,
em que descansas desta longa vida,
aqui venho e virei, pobre querida,
trazer-te o coração de companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro…
Trago-te flores – restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos.
Morte
Machado de Assis, em conclusão, morreu em 29 de setembro de 1908, aos 69 anos. Após a morte da esposa, ele viveu em depressão pelos anos seguintes. O falecimento foi lamentado nacionalmente entre intelectuais, artistas e figuras de destaque.
No velório, quem discursou foi o jurista Rui Barbosa, em nome da Academia Brasileira de Letra (ABL), fundada pelo próprio Machado de Assis e sua “panelinha”. A história do autor acabou marcada por uma frase de um de seus mais importantes personagens, Brás Cubas.
O livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi um dos mais importantes da carreira do escritor, em resumo. Ao final das citadas memórias póstumas, o personagem diz: “não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”.
Enfim, Machado de Assis também não teve filhos. Por outro lado, as obras dele são tão importantes, que o legado literário deixado é incalculável. Em uma carta ao amigo, Joaquim Nabuco, já perto da morte devido à tristeza, o autor escreveu: “foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo […]”, referindo-se à esposa.
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Obra
Durante a carreira literária, na biografia de Machado de Assis e mostrado que ele passou por gêneros variados. Assinou 10 romances, 10 peças teatrais, 5 coleções de poemas e sonetos e 200 contos, por exemplo. Sem contar as mais de 600 cronicas escritas para os jornais da época.
Entre as diversas obras, as mais importantes estão:
- Ressurreição, de 1872;
- Histórias da meia-noite, 1873;
- A Mão e a Luva, 1874;
- Iaiá Garcia, 1878;
- Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881;
- Papéis Avulsos, 1882;
- O Alienista, 1882;
- Quincas Borba, 1891;
- Dom Casmurro, 1899;
- Esaú e Jacó, 1904;
- Memorial de Aires, 1908.
Fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL)
Baseados na Academia Francesa, em suma, Lúcio de Mendonça e Medeiros e Albuquerque apresentaram a possibilidade de uma versão nacional. Em primeiro lugar, junto a intelectuais da Revista Brasileira e, claro, Machado de Assis, a ideia andou.
Com o intuito de dar importância à cultura do Brasil foi fundada, em 28 de Janeiro de 1897, a Academia Brasileira de Letras.
Machado de Assis foi eleito, por unanimidade, como o primeiro presidente da instituição. Os escritores fundaram a Academia, mas Machado de Assis é considerado também um dos fundadores, devido ao entusiasmo com o projeto, e por ser o primeiro presidente escolhido por todos.
No discurso inaugural, em suma, ele falou sobre a importância de que não se esquecessem do motivo da fundação ao longo da existência.
“Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira.”
Inicialmente, sem dúvida, a ABL soava mais como um grupo de amigos do que uma instituição intelectual, de fato. Portanto, o posto foi dado por Machado ser inquestionavelmente o mais adequado a ele, e o autor se mostrava um acadêmico respeitável. Faltou em apenas duas das 96 sessões realizadas sob a presidência dele, em síntese.
Biografia de Machado de Assis – Panelinha
Dentro da ABL, em 1901, foi criada a “Panelinha” para a realização de encontros culturais e de literatura. O termo “panelinha” é usado até hoje para designar pessoas que foram grupos dentro de outros grupos. Em resumo, os convidados dos tais encontros eram servidos em uma panela de prata. Sendo assim, o grupo passou a ser chamado de “Panelinha de Prata”.
O escritor, em síntese, foi presidente da ABL até a morte. Após o falecimento dele, portanto, a instituição ganhou o nome informal de “Casa de Machado de Assis”. Até hoje, na sede a ABL, há um espaço dedicado ao autor, por exemplo. Vida e obra são objetos de estudo e há diversas lembranças e objetos pessoais que contam sua história. A biografia de Machado de Assis, em conclusão, passa pela origem da Academia, que ainda está viva.